9 de abril de 2007

A Visão De Vincent


como nenhuns, viram teus olhos
as metamorfoses no teu rosto marcado,
as cores de Auvers e as espirais da noite

ondulavam-te os olhos, trémulos,
pela terrível claridade das searas
e a tua mão em desesperada fuga
deslizava turbilhões coloridos

procuravas os contrastes da alma
e revias-te sempre espelhando-te
o olhar de amargor profundo

e como ninguém nos deste
- como só o teu único olhar poderia -
a ver os ciprestes ao vento
entre o deslumbramento solitários

como homens a sofrer, resistindo
à vida de pé, verticais e delicados,
solenes e agitados.

como um cipreste ondulante
foi a tua vida
a vertigem do teu olhar