das nuvens por vezes nos vem a divina água da inspiração, em fumos se foram ardores da vida - que alguns chamem a estes desencontros poesia...
13 de abril de 2007
Ao Som Do Zeca Afonso
("Era Um Redondo Vocábulo")
uma sombra brilha ao sol
como uma velha à porta de uma vida;
uma faca no beiral
da minha porta espreita-se no mal;
uma seiva raiva e tal
na minha barca há uma salva-vidas;
uma calma feita sal
aqui e além estreita a minha mão.
uma farpa na dorsal
cair ao fogo dente e navalha;
uma espinha horizontal
no teu cadáver a tua mortalha;
uma casa a pedra e cal uma selva no quintal
na minha terra há muitas muralhas;
viva a linha vertical
pelo peixe podre ao sol
às dentadas no pernil uma farsa eleitoral
por trás da guerra está toda a canalha.
um canário em festival, uma praga em futebol
duas cores no pincel cor de anil e tudo azul
dois licores no tonel um cantil pró animal
caracol pelo funil e um anzol lá no choupal
infantil até ter mel o frontal é mui gentil
duas manchas no lençol viva o abril em portugal