9 de abril de 2007

eu que de mim...


eu que de mim nada dizia
vagueia-me a alma, algures
entre montanhas distantes, Machu-Pichu e Lassa...

nossos avós celtas já o sabiam
quando à sombra dos carvalhos
suas flautas soavam
voando os espíritos para Stonehenge...

Oh! Grande Cartago, aqui até onde se espraiou tua grandeza
de onde minha alma brotou,
de onde saiu em perdida navegação pela América...

Pablo, meu irmão chileno
tu bem o soubeste
guiar o teu divino sopro pelos desertos
e montanhas geladas.

Tu e eu, solitários,
fazemos deste ofício das palavras
o nosso destino e oriente.

Leva-me pela mão, ensina-me
a tua força - aquela na música dos teus versos,
a voz dos teus antepassados.

E mesmo que jamais renascer se possa
- a Atlântida,
ficaremos pelos eternos tempos vigiados
pelos ares e alturas da cordilheira,
com olhos de gigantes e almas de crianças,
vigiando os tropeções humanos,
as misérias do abandono.

Homem que te deixaste
à sede e fome a tua alma,
humano ser nos Pampas perdido...

longe de tudo e de ti...

Homem, regressa-te a casa,
ao regaço da Mãe Natureza, anda
ouvir a voz das aves...
e deixa voar o teu espírito,
leve de riquezas, livre.