10 de abril de 2007

Perguntas


( a Eugénio de Andrade )


tenho a sangrar-me dos braços
as palavras que me atiro:
em que medida te suspendo
no tempo de me ouvires?

tenho caladas na boca
as perguntas que me faço:
em que palavra estou,
onde fiquei agarrado
às pedras do teu assombro?

tenho nas mãos
o papel com que me firo:
será o breve de um grito
o susto que me acorde?