13 de abril de 2007

Ainda Guernica


Na geométrica lógica das facas,
no apenas blindado mundo,
aperta-se o cerco ao vigiado espaço
pelas pontas de águia, pelo aço
de estrelas-não-estrelas
estradas sinistras e faixas
de sangue em riso atroz
de metralha;

Há fogo que enlouquece
há labaredas sangrando
carvão de carne afogada
em petróleo, em armamento,
no furacão das marés de chumbo.

Havemos, como quem tem mil cabeças,
de inventar a coragem, a couraça
de agir agora gritar
as não-palavras sufocadas teimar, querer:
existir em liberdade
dizer sim ao projecto,
não ter paredes nem tecto
nem chão nem muros nem fundo,
crescer.