5 de maio de 2010

a Paz que procuro


neste ardente dia
em que o quente sopro
cresta as folhas da palma
regresso do profundo
mergulho ao fundo
das trevas, da densidão.

porque regresso, esqueço
amargas dores,
a sede e a fome
e tudo que à terra
me prendia.

neste retorno à luz
venho alado
ainda preso, ainda fraco.

a paz que procuro
e que em silêncio almejo
me espera;
espero
guiar-me pela sua Luz.

16 de abril de 2010

corpo de mistério


foste meu corpo primeiro
fui teu corpo primeiro
no amor iniciantes

hoje nos corpos silentes
ficou o mistério, por desvendar
em pedaços de desejo
em pedaços de solidão

melro negro, companheiro
nas adegas bebo tua cor

23 de janeiro de 2010

som do teu ventre


numa casa de livros preciosos
acorrentados à estante
abracei-te a bacia, levantei-te
dançámos e girámos

estando meu ouvido acomodado,
a teu ventre encostado,
nele ouvi tocar tímbales