10 de abril de 2007

Fragilidades


Hoje revi-te naquele filme antigo;
com um baque no coração,
vi-te, de novo menina, delicada, linda.

Desses tempos da nossa vida,
imagens como leves marcas sobre a areia,
que as secas, as chuvas e os ventos
afinal não chegaram para apagar...

Tão distantes,
desligadas da memória,
simultaneamente doces e penosas;

Se pelas imagens soubéssemos o que os dois éramos,
antes da vida sobre nós ter desabado,
em cujo percurso a memória se esqueceu...

Tão frágeis éramos, na nossa mocidade;
tão náufragos naquele mundo, já perdidos,
nas ilusões em que sonhávamos partir,
já no dia seguinte.

Em que momento, e porquê, os nossos doces olhares
ter-se-ão perdido pelos caminhos?

Ou apenas, por momentos dilatados,
ocupados, não por doçuras, mas por fados,
por quanto tempo nossos olhares terão seguido outros caminhos,
perdidos um do outro?

Éramos frágeis. A nossa pureza foi frágil.
Hoje, não sei como chamar a esta nossa força de amar.

Mas, depois de endurecido pelos anos,
ao rever o teu lindo rosto,
sorrindo para mim,
como ainda me sinto frágil!

Como ainda sinto a paixão,
como ainda sinto
que outra não poderia ter sido a minha vida!